segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

sonhos.

Para sermos o que queremos ser não custa muito. Só um pouco de sacrifício, mas que será brevemente será recompensado, já que a felicidade é o melhor pagamento que podemos ter.
Para sermos o que queremos ser, precisamos pensar muito mais em nós e ficarmos felizes em saber que se o outro se comporta daquela forma é porque ele é o que ele quer ser. Colocar barreiras impedindo que o outro seja livre, só está dando direito ao outro de colocar barreiras em você!
Por isso, discordo em uma coisa quando dizem que temos o direito de ser livre. Para mim, liberdade não deveria ser um direito e sim um dever!
Se eu fosse criar um constituição agora mesmo, diria em letras garrafais: Todas as pessoas tem o dever de ser livres para sorrir quando lhes for necessário e de chorar apenas em extremos casos. Mas não seria assim, na prática não seria assim.
Ah... Não custa nada sonhar, imaginar, planejar. Porque o primeiro passo para tornar seus sonhos realidade é sonhar.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

desabafo.

O pequeno príncipe sempre foi muito mais do que uma simples história de criança. Muito mais!
Digamos que existam diferenças enormes entre os nossos mundos, os meus e os dele. Lugar para a criatividade sem limites. A única diferença é que aquele pequeno garotinho de cabelos de trigo nunca cresceu, apesar de sempre se comportar como um adulto, e o garoto das malas roubadas, cresceu e transformou-se num adulto mais velho impossível.
Limites para a minha criatividade e para minha felicidade não existem, mas eu sinto falta da criança que era. Não pela falta de compromisso ou pela falta de trabalho que isso não me incomoda em nada. Mas pelo excesso de lucidez! De repente sou obrigado a dizer tudo da forma mais séria, sou limitado dentre as minhas besteiras, porque agora não sou mais criança.
Posso lhes ser sincero? Quem lhe disse que eu não sou mais uma criança? Nada, nada, que vocês falem não vai mudar meu coração que foi a única parte do meu corpo que não amadureceu.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

simplesmente coisas.

Depois que esqueci
Insiste em aparecer.
Entre noites e sonhos
Sonos incompletos
Me vejo perdido
Entre milhões de carneiros incontáveis
Que não me permitem dormir.

Até dado momento
Que abro meus olhos
E por causa da escuridão da noite
Não vejo um vulto sequer
Meu coração enxerga
E decide:
Para sempre esquecer.

Levanto e sento sobre meus pés
Não abro a boca para falar
Mas dentro da minha cabeça
Prometo que,
A partir daquele momento,
Coisas desinteressantes
Serão, para sempre, coisas.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

e se...

E se as minhas malas ainda estivessem lá, naquelas esteiras imundas do aeroporto. Se eu simplesmente as puxassem, abrissem e, de dentro, retirasse tudo que de bom eu vivi. Eu não seria eu! Eu seria um eu totalmente diferente. Tão diferente que faltariam muitos sentimentos em mim. E se, simplesmente, ao invés do Dó usasse o Ré, ou se o Dó, estivesse no lugar do Si. E Si. Simplesmente notas trocadas, mas com a mesma intensão musical.

E se...

chuva.

Chuva que cai do céu, desesperada para correr pelas ruas. Para muitos, a chuva. Para mim, a Chuva. um ser tão diferente e hipnotizante que não me permite fazer mais nada a não ser observá-lo. Como lhe amo, chuva. Como tudo na minha vida se resume a você.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

a vida.

A vida não é um filme
Com alguns problemas
Que se resolvem
Depois os créditos sobem
E nada ruim, de novo, acontecerá.

A vida não é como um rio
Quando aparece algo que lhe atrapalha
A correnteza leva
e nunca mais lhe perturbará.

A vida não é como um poema
Que nos seus versos chora
Depois fecha o livro e vai embora
E simplesmente um sorriso aparecerá.

A vida não é tão simples quanto a morte
Que do nada chega
E não vai embora
E nada mais lhe incomodará.

A vida não é um sonho
Que podemos ter poderes mágicos
Como simplesmente acordar
E tudo de ruim desaparecerá.

A única coisa que sei da vida
É que a vida é um uma roda
Que gira sem parar:
vai ficar bem,
vai ficar mal,
vai ficar bem,
vai ficar mal,
vai ficar bem,
vai ficar mal
e assim sucessivamente
até a bateria acabar.

domingo, 9 de outubro de 2011

pulsa.

O coração não bate, palpita.
Somos movidos pelo coração, que alimenta todo o corpo com suas hemácias carregadas de oxigênio, mas não é isso que nos deixa vivo. O coração também é o lugar onde os sentimentos são criados e espalhados. Sentimos o amor na unha do dedo do pé, graças à nossa bombinha que pulsa sentimento sem parar.

As coisas são simples. Não tentem mais inventar ciências complexas para explicar as coisas, porque as coisas são simples! Não precisa estudar o mundo para saber quantas espécies existem nele e trancá-las em categorias, simplesmente sinta o que elas querem dizer! Deixem de tentar achar explicações para quem veio primeiro se foi o ovo ou a galinha ou até mesmo como o universo surgiu. Parem de tentar passar suas vidas inteiras procurando justificativas! Desculpem-me os intelectuais, mas Freud que se exploda. Não existem regras para nossa cabeça, apenas existem cabeças diferentes. A minha, a sua, as nossas cabeças são diferentes uma das outras. E parem - simplesmente parem! - de querer entender o que se passa, especialmente, dentro da minha cabeça, de um mero garoto cujas malas foram roubadas, porque nela não existe nada, apenas o reflexo do meu coração.

Sim ou não, faça o que tu queres pois é tudo da lei sem talvez, sem dúvidas.

momentos.

Somos criados pelo impulso. Vivemos momentos totalmente diferentes do que pretendíamos e talvez seja por isso que a vida é tão curiosa e divertida! Se tudo acontecesse de forma linear, como muitas pessoas querem, ninguém saberia rir de verdade.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

dia do amigo.

Meu caro amigo.

Deixe eu te abraçar. Deixe os meus choros serem curados com seus abraços. Lembre-me do quanto eu gosto de você diariamente sem ao menos se transfigurar na minha frente. Emocione-me com as palavras dos outros que eu farei de cada palavra lida, cada momento vivido, uma lembrança do quanto você é especial para mim.
Deixe-me mudo quando pretendo gritar. Faça-me destribuir sorrisos quando pretendo espancar pessoas. Mude meu estado mental para que eu possa reabilitar minha alma. Deixe-me calado com poucas palavras. Deixe-me cansado de errar.
Lembre-me das borboletas, como elas voam livremente. Lembre-me do sol, que nasce indepentende do depentende. Lembre-me da lua, que, assim como eu, não tem brilho próprio, mas consegue brilhar e iluminar o mundo com a ajuda do outro. Lembre dos vestidos e calças de bolinhas brancas e azuis. Lembre-me das vitórias e derrotas, mas, especialmente, de tudo que tiramos de bom delas. Nunca me deixe esquecer de que viver rindo é melhor do que simplesmente viver.
Deixe-me bebado, desiludido e desacordado. Deixe-me de bobeira. Deixe-me deitar no chão. Deixe-me cometer erros e os cometa junto comigo. Mas nunca - nunca! - me deixe sozinho.
Livre-me de todos os males. Diga amém às minhas preces. E me condene quando estiver errante. Essa é a sua função, esse é seu dever. Deve sempre estar ao meu lado, devo sempre pensar em você mesmo sem você saber.
Todos os dias são dias para amar seus amigos e todos os santos dias são dias para lembrar-lhes o quanto são amados. Por isso nesse mero dia dentre todos os outros dias, lembrei do que nunca esqueci: No fundo da minha alma, sou uma parte de ti!

Amo-te,
Um mero garoto cujas malas foram roubadas em determinado ponto do passado.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

amor.

O simples fato de eu amar me deixa embriagado.
O amor tem desses venenos que nos deixam não lúcidos para encarar a realidade. Não são todos que estão preparados para amar. E caso amem sem se preparar, os estragos são bem mais fortes.
Descobri. Eu, um mero garoto cujas malas haviam sido roubadas, descobri que o melhor exercício para se preparar para essa droga chamada amor é se viciar voluntáriamente, antes que ela o possua involuntariamente.
Um coração acostumado a amar, nunca sofrerá um impacto de paixões fortes. Ele simplesmente será mais uma dose dessa eterna embriagues que devemos nos acostumar.

querer.

Quero viver entre insanidades
E faltas de instantes
Quero segundas sagradas
Recheadas de ternura de um poeta aspirante.
Quero momentos sinceros,
Sorrisos abertos quando eu chegar.
Quero maluquices sérias,
Piadas internas.
Quero poder não acreditar.
Quero pompulhas, agulhas, firulas.
Quero doces e salgados
Em todos os tipos de pratos
Para meu paladar deitar e rolar.
Quero todos os tipos de cheiros, sabores e temperos
Para minha vida num momento mudar.
Quero poder voar aos céus
Com um belo pássaro colorido
Juntar-me às nuvens
E sentir o vento soprar.
Quero falar francês com um russo
E que num movimento brusco
Transforme água em chocolate.
Quero músicas em ritimos quentes
Gente sem dentes
Toques amassos e abraços.
Quero beijos interminaveis,
Poder não abrir mais os olhos para a realidade.
Quero momentos lúcidos e sombrios.
Quero acabar com tudo a minha volta
E transformar-me em um enorme dragão,
que cospe fogo inconsequentemente.
Quero dançar lambada,
numa noite,
na calçada
E pular feito canguru.
Quero enfim, poder querer.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

a vaca dadaísta.

Chuva de leite
Que cai da nuvem de vacas
E alimentam as piranhas
Que dantes comiam
As carnes carcumidas da guerra

Manadas de vacas
Cardume de abelhas
Todas elas simplesmente
Adocicavam o verão transformando-o
Em primavera

Das flores que saiam pedras
Surgiram traças
Imundas
Que limparam o dia

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

lágrimas.

São apenas lágrimas que escorrem pela minha alma. Elas não significam nada, para ser preciso. É apenas a limpeza do que me faz mal, elas representam o nada que cada uma dessas coisas representam para mim. São apenas lágrimas, que rasgam a pele do meu rosto, lágrimas asperas de dor!
Elas sabem como são poderosas, como podem significar alegrias e tristezas e usam disso muito bem. Sabem ferir e sorrir cada ser humano de forma intensa. Lágrimas matam tristezas ou simplesmente a reforçam, mas a graça que ela sente é, sem dúvidas, mudar o que sentimos.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

ponto.

Converti. Converti todo o ódio em indiferença.
Escrevi. Escrevi versos singelos e dolorosos quando tudo que conseguia fazer era derramar lágrimas sobre o papel.
Dancei. Dancei quando minha única opção era sentar.
Cresci. Posso resumir tudo em apenas uma palavra. Cresci. e aprendi que a vida é nada ao mesmo tempo que é tudo.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

a melhor prostituta de um prostibulo falido.



As luzes apagaram. A música começou. Ela entrou.


O nome dela era Moça. Na verdade, na verdade, não era esse, mas àquela altura, nem ela lembrava mais qual era o seu nome e o seu nome era a última coisa que importava naquele momento.

Ela era linda, sedutora e uma excelente profissional e já trabalhava a alguns anos naquele muquifo.

Além dela haviam outras moças que dividiam o mesmo ambiente de trabalho, mas nenhuma era sequer bonita. Sua chefa, Dona Roberta, cujo nome natal também não era esse, era uma velha ranzinza que só se importava com o dinheiro.

O lugar era sujo e tinha um odor característico de morfo e sexo. Álcool e cigarro eram aromas preciosos naquele lugar, e que mesmo assim estavam marcados em cada móvel daquele prostíbulo.

Ele já havia ido lá. A alguns anos atrás, antes de viajar para estudar. Foi um presente do seu pai: a sua primeira - e única - vez. Ao vê-la pessoalmente ele percebeu que ela permanecera a mesma: bonita e atraente, dominadora dos seus sonhos. Ele voltou àquele lugar, mas não esperava sequer reconhece-la, já que, soubera que, desde então, ela nunca saiu daquele lugar. Mas não. Ela era a mesma! Se duvidasse, ainda melhor. "Talvez tenha sido o tempo que a fez amadurecer", pensou o Moço.

- Robertinha, meu amor! - disse o pai do Moço

- Olá amore - dizia assim para todos os clientes já que nunca lembrava o nome de ninguém. - É sempre bom tê-lo aqui! - mais uma coisa que dizia a todos.

- Lembra do meu filho? Esteve aqui ainda moço, mas agora já é um homem, formado!

- Claro que lembro - mais uma mentira - Como você cresceu! - Disse a ranzinza com um ar totalmente falso que sempre fazia.

- Queria presenteá-lo mais uma vez.

- Imagino até qual seja o presente!

- Eu imagino que estejamos falando da mesma coisa...

Ela riu e completou:

- Tal pai, tal filho! - silêncio - Separarei o presente do garoto. Serás o primeiro da noite! - falou virando para o moço.

- Não, não... - interrompeu o pai - Reserva a noite toda!

- Realmente é um presente digno! Os outros clientes que não vão gostar muito, mas ele merece - virou-se para o moço e completou - Não é, meu garotão? - apertando a sua bochecha.

Ele riu sem graça.



Alguns instantes se passaram e ela finalmente chamou o garotão para ir de encontro a Moça. Mostrou-lhe a porta do quarto da prostituta. Ela não falou mais nada - ainda bem, porque sua voz irritava qualquer um - e ele entendeu o recado. "Devo bater na porta antes?" pensou. Mas decidiu que não e, sem muitas cerimônias, ele entrou. Ela, linda como sempre, vestia uma lingerie preta, diferente daquela que usava quando estava la fora.

- Boa noite... - disse o Moço sem jeito.

Ela não respondeu, foi abrindo logo o seu zipper e abaixando as suas calças. Ele não sabia o que fazer, mas sabia que não era aquilo.

- Não, não... Espera um pouco...

Ela não demonstrou reação alguma. Apenas se afastou e sentou com as pernas cruzadas.

- A senhora tem algum cigarro ai?

Ela apontou para a gaveta do criado mudo que parecia cair aos pedaços, junto ao resto do quarto que, mesmo sabendo que era o melhor do lugar, não era de longe o melhor quarto que já havia entrado. Ele o pegou e sentou-se ao lado dela. Acendeu o cigarro ainda sem jeito e tragou.

Silêncio.

Mais um trago.

Silêncio.

- A senhora não quer um?

Ela balançou a cabeça negativamente.

- Por quê? A senhora não fuma?

Balançou a cabeça indicando um não novamente.

- Mas a senhora não se importa que eu fume aqui não, não é?

Mais um sinal de não indicado pela cabeça.

- A senhora não fala?

Dessa vez ela respondeu com um sinal positivo.

- Não parece... - e riu, mas ela não. - A muito tempo trabalha aqui?

Novamente um sinal de positivo.

- Sabe a quanto, para ser mais exato?

Ela levantou os ombros indicando um "não sei".

- Eu não queria simplesmente transar hoje, a senhora se importa? Já sei, vai responder que não.

E ela respondeu um sim com a cabeça.

- O que a senhora faz durante o dia? Quando não está trabalhando? - Ele queria ouvir a voz dela e sabia que não resolveria se as respostas fossem apenas sim ou não.

Silêncio.

- Nada. - ela finalmente respondeu.

- Nada?

- Quer dizer, eu geralmente leio um livro...

- Sério? Sem preconceito, claro... - Mas sim, ele foi preconceituoso.

- Sim.

- Qual livro está lendo agora?

Ela riu.

- Vários.

- Como assim?

- Não gosto de ler um livro direto, não gosto de ficar presa a uma história só, é mais interessante quando você diversifica. As histórias parecem se embaralhar e cabe a você reorganizá-las na sua cabeça...

- Nunca tinha pensado assim.

- Os livros as vezes, por mais interessantes que sejam, tornam-se chatos.

Ele se calou. Quem diria, um Moço viajado, estudado, que falava mais de uma língua, refletindo sobre o que uma prostituta havia lhe dito.

- Então gosta de quebra-cabeças?

- Não. Eu gosto de conhecer um pouco de cada história, ir conhecendo um pouco de cada personagem, fantasio, crio, me imagino na pele delas... Homens, mulheres, animais... Não sei o que é...

Ele não sabia mais o que dizer.

- Desculpa a minha indelicadeza, esqueci de me apresentar. Meu nome é...

- Eu lembro.

Ele se assustou.

- Lembra?

- Sim, esteve aqui a um tempo atrás...

- Foi mesmo... Mas como que lembra? Faz tanto tempo...

- Lembro de todo mundo, cada um com suas características e particularidades. Ninguém é igual a ninguém, por isso que lembro de todos.

- Sério?

- Tens mania de confirmar tudo! Não consegues acreditar de primeira?

- Consigo... Quer dizer, acho que não, quer dizer, não sei... nunca pensei por esse ponto.

Ela riu. Ele riu. Riram juntos em um coral de risos que combinaram diferentes tons na mesma afinação e conversaram a noite inteira.

O sol nasceu e ele se despediu da Moça. Sua feição era de cansado e de satisfeito o que fez seu pai achar que ele teve uma noite e tanto. E teve. Porém não no sentido sujo dos pensamentos do Pai.

Ele não disse nada, apenas se dirigiu ao seu quarto e dormiu. A Moça o perseguiu nos seus sonhos. Não eróticos, não sentimentais. Na verdade ele nem se lembra direito do que se tratava o sonho, mas foi bom. Naquela noite ele não voltou àquele lugar sujo, mas vontade não lhe faltou. O motivo, nem ele mesmo sabe, mas não conseguiu dormir imaginando o que a Moça estava fazendo naquele instante. E virou na cama, mas de nada adiantou.

Na noite seguinte ele decidiu ir lá. A moça estava linda como sempre e sorriu ao vê-lo assistindo-a.

- Dona Roberta... - disse se dirigindo à dona do estabelecimento.

- Olá, meu amorzinho...

- Eu queria...

- Já sei, uma horinha com a Moça?

- Na verdade eu queria a noite inteira novamente.

Ela se espantou com o pedido, mas respondeu que sim e o fez.



- Achei que viesse ontem. - Disse a Moça quando o viu entrando pela porta.

- Eu também achei, na verdade nem sei o que aconteceu... Me desculpa?

- Você não me deve desculpas não...

E se deitaram para conversar.

A partir daquele dia, virou uma rotina do Moço frequentar aquele ambiente que agora já se acostumara com o mal cheiro e as imperfeições dele. Aquele dia, um dia como outro qualquer, o Moço sentiu algo diferente no ar. Parou um tempinho para olhar ao seu redor e percebeu que o lugar mudara. Não haviam mais tantas pessoas assim e Roberta estava com um semblante bem aterrorizante.

- Oi Roberta...

Ela fingiu não ouvir.

- Roberta? Robertinha?

Ela continuou com a cabeça baixa olhando os papéis que estavam na sua mão.

- Roberta! Não está me vendo aqui?

- Ah, oi... tudo bom? Não tinha lhe visto aqui...

Ele preferiu fingir não ouvir o que ela disse.

- Eu vim...

- Eu sei exatamente, mas não posso, me desculpe. São as novas normas da casa, não sabe ler? Está bem alí na parede.

Ele olhou uma placa em papel ofício escrito com hidrocor preto as seguintes palavras "Caros clientes, não é permitido reservar a noite completa".

- Mas... - tentou falar, mas foi interrompido.

- Desculpe, mocinho, mas são regras da casa e você deve saber muito bem que eu sou uma mulher correta que não gosta de desrespeitar as normas de um estabelecimento, não é mesmo? Pois bem, se quiser uma hora, poderei sim lhe ceder, mas será cronometrada para não ter nem um segundo a menos... Nem a mais!

- Tudo bem, então... vou querer uma hora, a primeira da noite!

Quando entrou no quarto, a Moça parecia triste.

O Moço já imaginava o motivo da tristeza da Moça.

- Ela é uma idiota! - Disse o Moço.

- Não, ela só está fazendo o trabalho dela. E eu tenho que cumprir. - Ela começou a tirar a roupa.

- O que você está fazendo? Pare com isso! - Disse o Moço sem reação ao que estava acontecendo.

- Isso aqui é um bordel, um prostibulo! As pessoas vêm aqui para fazer sexo, comprar sexo. E a minha função é satisfazê-los. Então pois bem, é isso que irei fazer!

- Pare com isso! Você vai se entregar assim? Simplesmente abaixar a cabeça e engolir o que ela tem para dizer?

- VOCÊ NÃO ENTENDE! - Até a Moça estranhou o tom de voz que ela usou! Nem ela mesma sabia que conseguiria gritar. - É muito fácil para você simplesmente vir aqui! Você tem o seu dinheiro, sua casa, sua família. Eu não! Quer dizer, Essa aqui é a minha casa, minha família, por pior que seja é essa a verdade e eu tenho que encarar os fatos como eles são! Chega de fantasia! Você vai tirar a sua roupa? Caso não queira, pode sair que eu tenho diversos clientes nessa noite!

Aquilo machucou profundamente o Moço. Ele não sabia como reagir, tentou, ainda falar algumas coisas, mas nada saiu da sua boca. E se retirou.


Passaram-se dias, dias mudos e introspectivos. O Moço permanecera calado, imaginando a Moça entregue a tal ilusão. Ele sabia que algo deveria ser feito, mas não sabia o que. No fundo ela estava certa, a Moça tinha mesmo que trabalhar e na certa Roberta havia dito algo a respeito do seu emprego e permanência no local. 
AQUELE LOCAL IMUNDO!

Era a única coisa que conseguira pensar. Sim, daquele pântano tinha aquela bela flor, mas de nada adiantava.

Ele pensou, passou algumas vezes pela porta do prostibulo, mas não conseguiu nem entrar. 

Naquela noite choveu. Choveu muito. E isso mudou algo no Moço. 
Naquela noite ele decidiu ir lá no lugar imundo. E entrou, sem ao menos marcar hora, inclusive não tinha nem sequer começado os serviços que aquele lugar, mas entrou. 
No susto a Moça, que ainda se arrumava, deu um pulo se surpresa. Ela estava com uma cara triste e parecia totalmente infeliz.

- Vim te tirar daqui. - disse o Moço sem cerimônias.

O silêncio surgiu.

- Eu pensei sobre o que você me disse e você está certa. Você tem muito o que trabalhar, correr atrás do que é seu, mas o único problema é que você está no lugar errado. Venha comigo! Por favor.

A Moça se levantou, mas foram interrompidos pela porta abrindo desesperadamente. Roberta, como sempre interessada em destruir o laço dos dois.

- Temo em dizer que talvez você não devesse estar aqui, Rapaz!

- E eu... - Tentou o Moço começar a falar, mas foi interrompido pela Moça.

A Moça pegou suas coisas, poucas, mas todas, e seguiu em direção a porta, puxando o Moço pelo braço.

- E eu fico feliz em dizer que estou livre de você.

Eles sairam, sem rumo, rindo. Rindo risos que ensurdeceram a cidade. Risos que fizeram todos calarem para sentir aquela felicidade dos dois. Risos que marcaram uma nova vida de descobertas que seria protagonizada por dois jovens, um Moço e uma Moça, apenas interessados em se amar.

leitura silenciosa.

Simplicidade de notas confusas. De repente surgem em harmonia como talvez um beijo que não tenha sido dado ou um abraço em si mesmo.
Do nada surge algo,
Nem que seja o nada
Que nade sobre o vácuo.
Do nada vem palavras que ficaram mudas, ditas no reflexo do vazio que o silêncio preenchia. Silêncio, apesar de nenhum som, é possível ouvir, mesmo que seja muito mais sentir do que ouvir, sente.

Sente o silêncio sentado,
Sente ao lado do silêncio
Que alí está estacionado.
Não precisa dizer nada para destruir o silêncio. Ele que está alí parado, sozinho no seu canto esperando que alguém o entenda, mas não, ninguém o entende. Ninguém o ouve, ninguém o deixa desabafar. O silêncio as vezes grita, mas só um coração sensível consegue ouvir. Ninguém ouve o silêncio, ninguém considera o silêncio algo para ser ouvido, simplesmente fecham seus timpanos, e acreditam que o silêncio no fundo não existe, simplesmente porque seus gritos são mudos.
E muitas pessoas, que não sentam ao lado do silêncio e o sente, são tão mudas quanto o silêncio e são tão mesquinhas esperando que alguém os ouça, mas não deixam o silêncio ser o silêncio que acalmará suas palavras que mesmo ditas são mudas e impuras. Muita gente é silêncio, até gente demais a gente é o silêncio, somos mudos mesmo quando alguém nos ouve, porque no fundo não sentimos o silêncio sentado, assim como ninguém nos sente sentados, deitados, em pé, porque só a gente que talvez seja muita gente, se entende. Assim como o silêncio só entende a si mesmo, mas ajuda muita gente a se entender.

Sim, o silêncio é a prosa e a poesia juntas, porque sem eles, sem o nada, não surgiria algo que nadasse no vácuo.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

amor.

Certa vez, ao caminhar sem rumo, pensei mais um pouco sobre o verdadeiro significado de amar. Atear-se Mais a Algo Real.

Amo e amo muito, muitos. Mas ninguém eu amo de forma simples.

domingo, 31 de julho de 2011

poesia musicalidade.

Da poesia surge Ele.
Em momentos distintos,
memórias distintas,
sofrimentos e alegrias distantes.

Música, poesia.
Poesia, música.
Musicamente elegante
A poesia dilacerante
Grande
Dantesca.
Arrebatadora, poesia é
Com poucas palavras
As vezes sem ritmo
Sem música
A poesia se faz completa,
E naquele ponto,
Ela me completa.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

introspecção.

Suga-me introspecção.
Persegue-me,
Deita-me
e me deixa chorar.

Essa tal de introspecção
que me faz pensar.
Segue-me,
Lambe-me,
Solte-me,
Introspecção.

Bela e simpática,
Monstra da sociabilidade.
A introspecção,
Bela e horrível,
Mais triste que tristezas,
Sofre e me faz sofrer.

Como são lindos os dias
Introspectivos e pensativos,
Seriam mais ainda
Se a introspecção
Apenas tivesse
Seu lado bom.

Lado bom,
Do seu lado,
Lado do lado de lá.
Esquerdo do peito
Profundo e direto
Como o lado direito.

Faça-me admirar pequenas coisas,
Pensar na beleza das outras coisas,
Coisas que me fizeram uma coisa
Tão diferente daquilo que sou.

Deixe-me ser
Profundo e direto,
Usar minhas mãos
Não só a do lado direito
Para poder escrever.

Chega de mãos na cabeça,
Segurando o juízo que pouco me resta,
Chega de suspiros profundos,
Beijos desesperados,
Deixe me introspectivo
Longe da introspecção.

Sei, sei,
Introspecção.
Deixe-me mais louco
Sugue-me mais um pouco
Deixe me rouco sem ao menos gritar.
Sufoque minhas palavras,
Tire o manto que me aquece
e faça-me morrer de frio.

Louca e sólida
Introspecção,
Rainha e rei dos solitários,
Quase uma oficina do Diabo
Se não nos fizesse tanto pensar.

Talvez a dura e frágilizante
Introspecção,
Me deixe fugir
Desse sequestro vulcanico
Que estou preso.
Graças a ela,
A aterrorizante:
Introspecção

Belo, simples e sultil,
A todo momento grito:
Bentida seja,
Maldita
Introspecção

páginas.

Páginas em branco e uma caneta cheia de tinta. Páginas vazias como o vácuo esperando qualquer matéria que seja para preencher o vazio que as atordoavam. Ideias são muitas, palavras são poucas, sentimentos imensos, mas coragem para expô-los era quase nenhuma.

terça-feira, 12 de julho de 2011

memórias.

Lembranças foram um dia presente e hoje, o que vejo tudo embaralhado em uma caixa de memórias, foram emoções, paixões e momentos que vivi a certo tempo atrás. Até mesmo as minhas malas que foram roubadas mistura-se com outras situações de certo tempo atrás.

Até tentei organizá-las, as minhas memórias, separei por faixa etária, classes, números, ordem de importância, mas todas se mexem novamente e voltam a ser um quebra-cabeça que exige muito esforço para montar.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

pretos e brancos.

Entre pretos e brancos
Suaves tons de cinzas.
Vejo as cores sumindo
Como sumiu você.
Perto ou longe,
Ou simplesmente longe
Sinto como se minha visão bloqueasse
A alegria das cores
E todas as cores que consegue ver
São pretos e brancos
Com suaves tons de cinzas.
Cinzas e cinza.
Cores e destroços.
Cinzas que um dia foram
Pedaços de mim
Que resistiram a tudo
Menos a combustão que foi:
Não te ter ao meu lado.

domingo, 29 de maio de 2011

fuga.

Uma placa de saída indica a fuga daquele momento. O único problema seria acha-la!
Mas será mesmo que a fuga seria a melhor saída?

domingo, 8 de maio de 2011

frascos.

Frascos vazios e completos. Completos porque toda a essência já está em mim. Os frascos, vazios, estão vazios. Já que aquela fragância apenas dentro dele não vale de nada, mas dentro de mim vale de tudo!

Sorte de abusar desse perfume cuja essência tornou-se a fragância da minha vida.

sábado, 7 de maio de 2011

meu ar.

Ar,
és para mim.
Porque sem ar
não posso respirar.

Sem ar
Não é possível amar.
Não tem como cantar,
festejar, alegrar.

Sem ar
Não consigo pular.
É impossível desejar.

Sem ar
Não saberei doar,
entregar, diversificar.

Sem ar
Não saberei procurar,
achar, encontrar.
Ficarei sem saber sequer escutar.

Sendo o meu ar,
Conseguirei voar,
Nadar, rastejar, viajar.
Poderei lutar, batalhar,
ganhar, conquistar.

Estar
com você.

quarta-feira, 23 de março de 2011

diabetes emocional.

O que seria essa diabetes emocional? Fato. As palavras ferem, mas como todos os seres humanos, temos capacidade de curar as feridas, a não ser que a quantidade de açúcar no nosso ser sentimental esteja em excesso! Eu, um mero garoto cujas malas foram roubadas, não tenho diabetes emocional, já que eu aprendi a perdoar e saber que as pessoas erram e têm defeitos!
Pense nisso.

quinta-feira, 17 de março de 2011

alegria.

Entre suspiros e beijos, me vejo parado. Como seria se nada acontecesse ou simplesmente desaparecesse. Prazeres momentâneos as vezes prolongam nossa alegria e nos deixa em êxtase, mas devemos ter cuidado, prazeres momentâneos passam e nossa alegria também.
Exercício de hoje: exercitar a alegria calibrando-a sempre com prazeres momentênos, forçando-a a pulsar sempre, deixando-a cada vez mais estática no ponto mais alto. Não adianta simplesmente levantar a alegria e não mantê-la em cima. Porque ela ajuda muitos a se sentirem fortes, mas, tadinha, é tão fraca.

sábado, 12 de março de 2011

amores passados.

Amores passados, que passam como o vento. Brisa de tristezas de perder amores ferem a pele ferida. Tiram da carne carcumida o resto de sentimento, mas a ferida fica.
Amores passam, mas deixam marcas. Marcam os amores seguintes, porque amores que passam, não deixam de ferir.

quinta-feira, 10 de março de 2011

culpa, perda e a última bala.

Foi ela, a última. A última de uma pausa imensa.
Não tem mais graça, nem mais vontade. Não tem mais motivos para isso.
Nada como voltar a essencia que tive. Nada como tentar resgatar o que sou de verdade, mas parece que o tempo passou demais. Nem a aparência conta mais a essa altura. Nem a vontade conta mais. A única coisa que conta é o passado que foi escrito em caneta preta, e que vai permanecer para sempre em mim, mas que voltar, não. Não volta mais.

descobertas.

As descobertas. Descobrindo o que me mantia aquecido, deixando-me nu de verdades.
Descobertas, escolhas, buscas. Tanto tempo a dedicar em mim, e eu, um mero garoto cujas malas haviam sido roubadas, fugindo cada vez mais do meu eu. Acredito que pela primeira vez, as minhas malas não foram roubadas e sim jogadas fora por mim. Larguei o resto de mim que nelas habitava e ca estou, mais uma vez mais perdido do que nunca pensando se um dia irei me achar.
Ai que vontade... vontade de pegar todas as malas e desfazer delas, vontade de partir, sumir, sentir... Viver o que não foi vivido, porque a vida tem se tornado muito simples para mim.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

elogio.

Medo de elogiar faz parte. As vezes sentimos medo de elogiar, porque queriamos tais elogios para a gente. Talvez se não pensassemos tanto em quais elogios deveriamos receber e pusessemos em prática o ato de elogiar, receberiamos mais elogios. Sem inveja. Cada um tem a sua capacidade e cada um vai ter o elogio que merece. Basta apenas elogiar terceiros, que quartos o elogiarão.

flores.

Será que as flores sentem?
Sentem o que a gente sente?
Será que as flores amam?
Amam como a gente ama?
Será que elas idolatram
Os seres como eles as idolatram?
Será que as flores,
Simbolos de amores,
Alegrias,
Tristezas,
Dores,
Sentem o que a gente sente?
Ou será que elas são apenas flores
E que somos apenas tolos
Em sentir pelas flores
O que elas não podem sentir por a gente?

Já pensou como seria,
Se as flores fossem apenas flores
e que sua beleza fosse apenas enfeite.
Nada de amores, dores, tristezas ou alegrias.
Nada de depósito de palavras
que não podem ser ditas.
Nada de usá-las para representar
O que meros seres não conseguem dizer.
Porque no fundo,
Flores são apenas flores
E seres são apenas seres.

Nada de dores,
Flores
E amores.
Porque flores são apenas flores,
E o que sentimos,
No final,
São apenas flores.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

melhoras.

Depois da tempestade vem o arco-íris. Como diria corretamente a Katy Perry na sua música Firework.
Não se assuste com notícias ruins, não relute a situações ruins. Elas sempre vêm por um motivo, fazer com que as notícias boas pareçam sempre melhores.
Como costumo dizer, se algo está ruim, relaxe. Porque com certeza algo maravilhoso está por vir.
Nada como começar o dia com uma mensagem de otimismo né?

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

abstraindo o abstrato.

Momentos abstratos, sentimentos abstratos, substantivos abstratos. Subtraindo o abstrato é o que eu, um mero garoto cujas malas haviam sido roubadas, tento fazer agora. Correr o mundo, tentar novas coisas. Soltar as algemas que me prendem, correr livre.
Fato: De que adianta aprender a voar se temos limites e não podemos cruzá-los? De que adianta saber viver se não podemos?
Livre. Quero me sentir livre. Quero poder finalmente alcançar o que pretendo, quero libertar o que sinto. Quero viver. Viver independente de qualquer coisa.
Gritar. Gritar o que penso. Gritar o que quero. Gritar qualquer coisa, simplesmente pelo fato de saber que posso gritar sem ter o que me preocupar!
Saltar. Saltar precipícios, edifícios, montanhas. Saltar sem rumo, simplesmente para sentir como é a brisa mais pra cima! Saltar em busca do que não conheço.
Quero poder. Poder realizar minhas ambições, afinal, não foi a toa que minhas malas foram roubadas e não foi a toa que amadureci pela falta delas.

eu, um mero garoto cujas malas haviam sido roubadas, prestes a seguir um novo rumo!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

fato.

Ato de fato.
Fato no ato.
Fato no prato.
Ato de fato do fato no prato.

Ato,
Pato,
Dois atos,
Fatos.

Fatos de fato,
Fatos de boi.
Ato com fato de fato.

De fato,
No ato,
O fato vira fato de fato.

crise existencial.

De repente um momento de reflexão mais profunda. Uma pessoa em movimento deve evitar ficar estática. Ela deve sempre se movimentar, evitar parar para pensar mais a fundo. Eu, um mero garoto cujas malas haviam sido roubadas, pensando sempre no que está acontecendo ao meu redor. Ponto. Crise existencial.
Acredito que ninguém saiba como é a dor de ter suas malas roubadas, mesmo quando as suas já foram. As minhas malas representavam muito a mim e representavam nada para todo o resto. Assim como as malas de terceiros não vão significar nada para mim.
Mero saqueado, mero garoto, meros momentos que não somariam nada pra mim. Assim me sentia naquele momento, naquela crise. Naquela crise, bem, acho que nem um mero garoto cujas malas haviam sido roubadas era mais. Era aquilo. Nada.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

insônia e melancolia.

Momentos de melancolia cercam a noite de insônia. Acordado enquanto todos os outros dormem. Enquanto todos os outros recarregam as suas energias, a única forma que você tem de descansar a mente é ficar no ócio imaginando coisas, criando expectativas e buscando respostas. Nada além disso.
Essa forma de relaxar o corpo e a mente é admirável. É o único jeito que conseguimos perceber que estamos descansando e atropelando o tempo com nossas viagens. Mas nem tudo é como deveria ser. Quando menos esperamos, olha lá o sol chegando e destruindo todo aquele momento de melancolia. Sinto falta da melancolia durante o dia. Sinto falta mesmo.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

breve.

Breves poesias
Sultil.
Sublime.
As breve são breves e completas.
Breves são brevementes difíceis de se descrever.
Elas são apenas breves,
Breves poesias de breves corações.
Breves, bravas, brandas.
Breves poesias se completam.

coração de gelo.

Um coração gelado e nada mais. Uma pessoa sem sentimentos por outros. Ele era assim.
Não que fosse egocentrico demais, não era isso que se passava com ele. Era simplesmente o fato de nunca achar que as pessoas eram pessoas certas o suficiente. Mas todos se enganavam com a imagem dele. Todos diziam coisas dele, mas no fundo ele amava muito, amava a todos e amava a si mesmo. Ele era assim, um coração de gelo, que queimava na mesma intensidade do fogo. Queimava amor, mas um amor gelado que era muito mais real do que as chamas que se viam por aí.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

tal mundo.

Eu queria viver num mundo
Onde não tivessem cobranças.
Que fizessemos o que queriamos
e pensassemos em nós mesmos.

Queria viver num mundo
Onde não precisássemos usar as melhores roupas
para encontrar alguém
E sim a roupa que mais nos sentiamos felizes

Queria viver num mundo
Onde as pessoas procurassem diversão.
Num mundo onde os erros de cada um
Eram completados pelos acertos dos outros

Queria viver num mundo
Onde a falta de silêncio fosse algo crucial
E o barulho
tivesse momentos certos de acontecer.

Queria viver num mundo
Onde a poesia não tivesse métrica perfeita
Nem as redações limites de linha

Eu queria estar num mundo
Onde todos fossemos diferentes
E que não tentássemos ser iguais.
Em um mundo
Onde ninguém fosse bom o suficiente para ninguém
e a vida fosse simplesmente simples.

Queria viver num mundo
Onde cada escolha fosse feita sem pensar muito
Onde as pessoas seguissem mais seus instintos
E esquecesse mais o que é certo
Aliás,
Um mundo que nada fosse certo
e nada seria errado.
Tudo seria da forma que você escolhesse.

Queria viver num mundo
Onde as pessoas pensassem que existem outras pessoas
E que elas também representam alguma coisa.

Eu queria viver num mundo
O qual os sentimentos que cultivamos fossem apenas nossos
E que podessemos doá-los a quem quisessemos
Sem medo de ser feliz.

Eu queria viver.
Eu queria um mundo.
Eu queria não ter culpa.
Nem ter que seguir padrões.
Eu queria,
Mas só queria.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

escrever de fato.

E o que seria escrever de fato? Expressar o que sentimos por palavras que já existem? O fato de organizar as palavras de determinada língua seria expressar o que sentimos? e quando sentimos algo totalmente abstrato, poderiamos resumir sentimentos em traços, linhas, círculos , formas indefinidas ou um monte de letras emaranhadas?
Sim. Sinto coisas abstratas dentro de mim que tais palavras não seriam suficiente para descrever. Sinto que certas respostas são muito vagas para minhas infinitas perguntas. Símbolos talvez me descreva mais. Porque eles são abstratos e únicos. Únicos a cada olho que os vê.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

BPM.

A batida controla os meus batimentos
Os meus batimentos controlam meu corpo.
Sinto-me mexendo como ele quer
Ele.
Ele,
Deus das pistas
Controlador do que sinto.
Ele,
Controla os meus batimentos
No BPM que deseja.
Ele,
Controla tudo e todos
Só não me faz esquecer
O que é inevitável não lembrar.

o vento.

E o vento que sopra levando o resto de chuva que estava sobre as folhas me trouxe bons momentos. Talvez devesse me comportar da mesma forma que aquelas gotas, caindo, voando, se libertando daquilo que as prendia e deixando as folhas em paz. Não. Elas não pensam como a folha ficou depois que partiram, elas simplesmente saem e não olham para trás. Correm direto para o destino delas sem medo de ser feliz. É, eu realmente deveria fazer isso.
A chuva não havia me incomodado nem um pouco na noite passada, mas o vento sim. Agora eu entendo o vento. Agora eu entendo sua verdadeira intenção. Agora eu sei que ele me incomodou bastante, mas estava fazendo o certo, já que livrou as gotas do seu passado e agora estava prestes a me fazer livrar-me do meu.
Derrepente virei amante do vento, ainda mais do que da minha amiga chuva. Derrepente consegui enxergar com mais clareza, ver o que a poeira não me permitia. Graças ao vento. Graças ao vento...
Tudo corria diferente do que costumava ser, tudo parecia estar tão parado ao meu redor enquanto eu implodia. E que implosão. Longa, dolorosa, forte. Me fez mais forte. Me tornou forte. Mas machucou. E essa ferida eu não sei se poderei reparar. Espero que o vento me ajude.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

a partida.

Acredito que seja hora de partir. Partir do mundo que vivo para encarar um novo. Partir do conforto e ir em busca da dúvida. Acredito que seja hora de amadurecer e deixar no passado determinadas coisas.
Naquele momento precisava esquecer um pouco as coisas que haviam sido roubadas da minha mala, afinal, tantas outras coisas já entraram no seu lugar. Não que seja legal deixar de lado as coisas que foram furtadas de mim, mas que talvez seja necessário enxergar as novas coisas que chegaram e aquelas que não foram roubadas. Nesse ponto parto com o bilhete só de ida para um destino que não sei. Partindo para um mundo onde os meus problemas são apenas meus e que eu tenho que resolvê-los. Partindo sem bilhete de volta, só espero que não roubem mais nada de mim, nem das minhas malas, nem do meu coração.

busca.

Perdido. Realmente estava perdido naquele ponto da minha vida. Claro que não sabia qual caminho seguir a partir dalí, mas sabia que não deveria me afastar muito.
Imaginem, eu, um mero garoto cujas malas haviam sido roubadas, sem rumo pela vida, esperando que determinadas respostas chegassem. A certo tempo, esperava outras respostas, agora, respostas totalmente diferentes e perguntas totalmente diferentes. Será que consegui responder a tais perguntas? Não. E nem ia. Por isso mudei as perguntas, não por preguiça ou por ter desistido de tais respostas. Mas por saber que tais respostas nunca chegariam.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

novo.

O que se dizer de uma vida nova? Nada. Tudo. O novo ainda não tem nada. O novo significa tudo! pelo menos do ponto de vista dos relatos. Assim acho que se comporta a ideia do novo. O que resta é apenas esperar, porque, do novo, podemos esperar de tudo!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

desabafo.

Nada demais a declarar. A única coisa que penso agora é como será quando voltar.
Temo talvez que minhas malas sejam roubadas novamente e mais ainda que outras malas da minha vida sejam levadas embora. Quero saber como está tudo no lugar onde pertenço, como estão minhas coisas que não trouxe comigo na mala. Saudades daqui com certeza terei, mas a saudade de casa é verdadeiramente muito grande.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

fantasia.

Estava um dia chuvoso, aquela pessoa me olhava e através dos seus olhos era possível ver transparentemente o que pensava. Aquele momento parecia algo mágico. Engraçado porque nunca imaginei que um sonho podesse ser tão real. E foi ai que percebi que aquilo não passava da realidade. Lamentei. A realidade é sempre tão quadrada, por isso lamentei. Lamentei porque esperava que aquele momento fosse um sonho, todo curvilíneo e sem formas definidas. Mas não, era apenas a realidade.
Convenci-me que talvez a realidade não fosse tão ruim assim, afinal, aquele momento não era nem um pouco ruim. Pensei novamente, tentei não lamentar e encarar os fatos. Dormi durante tanto tempo preso no que seria a vida apenas nas fantasias que esqueci que talvez a realidade fosse repleta de fantasias também. Afinal, se não fosse porque aquele momento foi tão mágico?
Decidi então, depois daquele dia, não dormir mais! Afinal, a fantasia pode sim ser tateável!

paz.

Paz interna. Quando exatamente conseguimos atingi-la? Seria essa um dos maiores desafios do ser humano? Quem sabe? A única coisa que eu sei é que eu estou realmente buscando isso.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

cultura.

Já sentiu-se rejeitado por algo que você não é ou não sente? Eu já. Tadinho, um mero garoto cujas malas haviam sido roubadas a um tempo atrás, morrendo de medo que suas malas sejam saqueadas novamente em sou outra experiência fora do país, sendo julgado por algo que não sou.
Enfim, realmente não queria falar disso, o que eu queria dizer era: Como é bom viver novas culturas, se aventurar pelo mundo, viver pessoas que vão lhe mostrar como a vida é muito mais simples do que a gente imagina!
Besides that, nada mais a declarar.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

apostas.

A vida é um grande cassino. Um cassino de apostas aleatórias. Temos diversos jogos e estamos apostando neles o tempo inteiro.
Apostar não é simplesmente o fato de saber que vai ganhar, é criar aquela dúvida se ganharemos ou não. Uma dúvida angustiante, diria, particularmente, porque dedicamos parte de nós naquela esperança. Apostar é ter quase certeza que vamos ganhar, mas na verdade é apenas uma mera hipótese.
Lembrando que: Jogar em algo que temos certeza que vamos ganhar não é apostar, é comprar. Se apenas fazemos aquilo que temos certeza que teremos tal retorno não está dentro desses joguinhos divertidos do cassino da vida, está na loja de conveniências dele, onde vendem certezas. Se nos trancamos na loja de conveniência do nosso Cassino Vida, estamos nos fechando aos prazeres da vida que seria a dúvida agunstiante e, meus caros, a vida perde todo o seu propósito, afinal, qual o prazer de termos certeza de alguma coisa?

E lá estava eu, um mero garoto cujas malas haviam sido roubadas, apostando freneticamente nas máquinas do amor e da felicidade.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

esperar.

Esperar.
Esperando.
Esperei.
Esperarei...
Modo como ficarei
Até o próximo encontro.
Talvez até a próxima ligação
Ou quem sabe até o próximo beijo.
Até lá, espero.
A única coisa que faço,
Ou que posso fazer.

Esperar.
Porque o tempo
nos trás as melhores respostas.

Esperar e pensar.
Porque até que o tempo acabe
com o tempo da espera.
Esperamos pensando
Sobre o que poderiamos pensar.
Pensar sobre
Como é tão ruim ter que esperar.
Pensar sobre como o tempo,
matando o tempo,
Mata a gente de angústia.

A única coisa que posso fazer é
Esperar.
E por isso esperarei,
Pensarei,
Sonharei,
Deitarei e
Desejarei:
Que o tempo
Acabe logo com esse tempo
E que eu tenha
Você aqui comigo.

domingo, 2 de janeiro de 2011

novas malas.

Nova vida a caminho. Quantos pensamentos podem vir através disso. Talvez essa seja a hora certa de começar tudo novo, recomeçar sentimentos e buscar acertar onde erramos. Ano novo chega e o sentimento de renovação é imensa, acredito que por isso me sinta tão feliz.
Não que seja uma pessoa triste. Muito pelo contrario! Eu, um mero garoto cujas malas foram roubadas, me sinto cada vez mais radiante e feliz de saber que ainda tenho pensamentos e minha inteligência. Talvez a falta que sinto das minha malas seja algo muito maior do que imagino, porque, assim como elas, muitas coisas já se foram na minha breve história chamada vida. As malas talvez não sejam apenas o material que tinha nelas, mas os sentimentos que pensamos um dia ser eternos e num simples piscar de olhos foram roubados. Assim como as minhas malas, muitas outras coisas já foram roubadas de mim. Isso talvez seja uma coisa boa, afinal, nada consegue tomar o lugar de nada nas nossas vidas, mas, com aquele lugar vazio, muitas coisas podem entrar.
Deixe 2011 fluir. Deixe sentimentos novos sentarem nas poltronas vazias da nossa vida. Quem sabe você, que assim como eu, um mero garoto cujas malas foram roubadas, não se surpreenda com o novo que é tão novo que estou tão curioso para descobrir?

minha vida é uma caixinha de surpresas que muitas vezes tenho medo de colocar a mão.