quarta-feira, 16 de setembro de 2020

[#três] o pé tá florido.

Que pezinho engraçado
Vira e mexe ele está carregado
Sem data nem horário marcado
As vezes tem pouco
As vezes tem um bocado

Ontem esteve ainda mais carregado
Esse pezinho engraçado
Sei disso por que lembro
E lembro agora ao ver as flores que caíram fora do vaso

Que pezinho engraçado
Esse de planta que não sei o nome
Sei que do nada está carregado
E é só com água que mata a fome.

[#dois] chuva

Amanhece frio em Salvador
Sempre depois de uma noite de chuva
Um frio que abraça
Diferente daquele que a pele rasga

Os pássaros são insistentes
Permanecem cantando anunciando o dia
Que dispara pela nascente

O frio não deixa o sol aparecer
Mas mesmo assim o dia fica claro
Eu seguro a caneca do café
Enquanto estou usando casaco

Na Bahia até o frio é abençoado.
Esse frio só se sente nessa terra
Que não se tem registro
De ter nevado.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

[#um] voltar pro início.

Quando chegar onde não sabe se achar
Está na hora de se reinventar
Precisa se colocar no lugar
Tem que levantar e abaixar

Quem se permite recomeçar?
Quando a lágrima cai
Temos que enxugar

Daí então é pesquisar
Se alimentar e questionar
Reposicionar
Enxergar o novo altar
Antes de o materializar

Cristalizar
Enrijecer 
Depois flexibilizar

Eu gosto de me desafiar
Portanto decido voltar pro início
E recomeçar.

a discreta poesia

A poesia é discreta
Preenche sua vida 
Que você nem percebe

Em pequenos versos
Por vezes recitados por passarinhos
Ela é a lacuna
Que a lógica não consegue entender

A poesia é sútil
Ela se escreve até sem palavras
Está presente das noites escuras
E nas mais rasas das águas

A cada gota de chuva
A cada olho que enxerga
A cada suspiro ofegante
A poesia quase sempre cintilante
Faz morada sem nem dizer
“Estou aqui”

A poesia é fascinante
Profunda e hipnotizante
Que se escreve a todo vapor

quinta-feira, 30 de abril de 2020

estado de poesia.

Tenho estado num estado
De constante poesia.

Na maioria das vezes até dói.
Remói 
Corrói
Na maioria das vezes ela fica pulsando
Constantemente 
E por preguiça não a deixo sair

A minha poesia está me ferindo por dentro
Está desesperada
Com saudades dos acalentos 

Não sei o que fazer com minha poesia
Vim aqui só pra jogar esse excesso fora
De qualquer jeito

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

nós queremos.

Eu quero paz
Você quer guerra

Você quer paz
Eu quero guerra 

Nós queremos paz
Mas no impulso travamos uma guerra

Nós queremos voar
Mas nos apegamos muito à terra 

Nós queremos cantar
Mas na hora a melodia erra

Nós queremos amar
E no desespero a gente só berra

Nós queremos...
E sempre acaba em guerra.