segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O espinhento cacto.

Desde mudinha
O espinhento cacto
Sonhava em ser uma flor
Cantava falava brincava
Esbanjava muito amor.

O espinhento cacto cresceu
Sem muito com quem conversar
Por isso distraido vivia
Ainda achando que era flor.
Não tinha o que lhe dissesse
"Sou uma flor, sou uma flor, sou uma flor!"

Cresceu ainda mais e mudou-se de jarro
Agora ao redor de belas rosas
Via-se num lugar premiado
"Como podemos
Ser tão lindas
Como somos
Nós flor".
Ao que as outras riam e nada diziam
Só pra não ter que lhe contrapor.

O espinhento cacto
Recebia novas colegas
Belas e belas flores
Girassóis, violetas e bromélias.

Nas idas e vindas dos dias de canto no jardim
O espinhento cacto emocionado
Abraçou a mais próxima flor.
Com seus espinhos, suas garras
Abraçou e apertou
Machucou a bela planta
Suas folhas pétalas furou
Tudo isso porque o espinhento cacto
Achava que era flor.

O espinhento cacto olhou pra dentro de si
viu os espinhos crescendo
desde onde não conseguia sentir

"Era o fim do espinhento cacto
Era o fim de tal façanha
Espinhento cacto deixou de ser borboleta
E passou a ser aranha."

Foi então que o espinhento se lembrou
Que na verdade por dentro
O amor sempre morou.

Agora o espinhento cacto
Está mais leve do que nunca
Carregando seus espinhos com cuidado
Mantendo sempre a forma justa

Aprendeu que não precisa arrancar seus espinhos
Nem se transformar todo para virar flor
Mas sim manter-se consciente
Que seus espinhos causam dor
E que tudo na vida se cura
Com uma dose extra de amor.

Agora vive feliz o espinhento cacto
Que por dentro é flor.

Nenhum comentário: