quinta-feira, 11 de maio de 2017

Evitando.

Estou sem vontade de escrever
Mas eu sinto que preciso

Tenho tanto a dizer
E sinto que minhas palavras fogem de mim
Tenho tanto a fazer
E sinto que ainda nado
Sem chegar na ilha
Sem atolar na areia

Preciso por pra fora
O que sinto
Por isso estou escrevendo

Estou evitando que minhas palavras
Fugitivas
Me sufoquem.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Despi.

Despi
Tirei tudo que tocava
E entranhava
A minha pele

Tirei
As peças ultrapassadas
Apertadas
Desconfortáveis
Que não me cabiam mais

Despi
E me sinto leve
Solto

Vesti
O meu mais belo sorriso
Aquele
Que vem de dentro.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Uma vontade boba.

Às vezes eu tenho uma vontade boba
De fugir pelo mundo.
Já até a pus em pratica
Já corri sem saber onde chegar
Mas essa vontade boba
Agora
Tem pouco tempo pra passar.

Minha vontade boba
Já me levou a muitos lugares
Já me fez passar por coisas
De tão loucas
Indecifráveis
Mas eu cresci
E minha vontade boba
Apesar de ainda existente
Se mutou em uma outra vontade
Que é a de mudar minha realidade.

Depois que eu cresci
Minha vontade boba virou um compromisso
Todas as vezes que estou insatisfeito
Me refaço
Me olho por dentro
E me reconstruo.

A minha vontade boba de fugir
Na verdade
Sempre foi uma vontade de me transformar
Mas desde que eu cresci
Percebi que a mudança não vem de fora
Tem que vir dentro de mim.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Preto e branco.

Às vezes me pinto de preto e branco
Desaturo as minhas cores
Murcho
Calo.

Às vezes me sinto na beira
Sem querer ficar onde estou
Sem forças pra atravessar a linha

Às vezes me vejo estático
Parado
Clássico. Neoclássico
Não sei...
Mas estático
Inerte!

Vejo o meu mundo cair
Tudo ao redor desmoronar
E sobrar apenas uma pequena porção de terra
Onde habito.

Tudo se foi e eu estou parado
Nem mais linha tem para ultrapassar
Não tem ninguém além de mim
Na minha porção de terra
Não tem ninguém além de mim
Que possa ouvir minhas dores.

Minhas feridas 
Por falta de amor
Sangram mais e mais
Jorrando meu eu
Pelo abismo imenso
Que foi construído ao redor de mim

Agora eu estátua
Estático
Não tenho mais a opção de voltar
Nem a opção de seguir
E o que antes foi falta de força
Agora é minha única opção.
Estático.

Eu não nasci pra ser estátua
Esse talento, apesar de o fazer muito bem
Não é meu
Não me completa.
Não me resta outra opção.
Agora já foi e não tem como voltar.
Estático meu corpo enrijece
E minha mente explode
Logo parado não posso ficar
Dali do alto eu vejo
A falta de fundo nesse abismo
Respiro bem fundo
Crio coragem que nunca tive
E pulo.

Estou falando da minha queda.
Ainda não cheguei onde
O fim disso da
Estou falando da minha queda
A minha poesia é meu paraquedas
Agora é ver onde vou chegar.