Sentei.
O trem andava
Vagarosamente.
Meus olhos curiosos
Vasculhavam todos ao meu redor.
Diferentes
Muitas gentes diferentes.
Roupas diferentes,
Cabelos diferentes.
Para onde vão?
Pensava ininterruptamente.
Por que ele usa essa roupa?
Por que ela colocou o cabelo assim?
Por que tanto por ques?
Olhei,
Continuava olhando,
No canto do olho.
Vi.
Observei.
Naquele momento não haviam mais por ques.
Parei.
Olhei.
Congelei.
Levantei no impulso de falar.
Não saiu uma palavra da minha boca.
Fiquei impedido por algo.
Por que tão covarde?
Por que não falei nada?
Era manhã,
O horário que todos pegam o mesmo trem
Para ir pros mesmos lugares
Como uma segunda
Terça
Quarta
Qualquer…
Quantas vezes já pegamos o mesmo trem?
Quantas vezes estávamos a um vagão de distância?
Quantas vezes teremos a oportunidade
De se olhar novamente?
Quantas vezes nossas vidas
Quase se cruzaram
Mas foram impedidas
Por milhares de outras vidas
Que cruzaram as nossas.
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