Tudo começa numa tarde de estudos... Uma tarde que na verdade se prolonga até as duas da manhã. Tudo bem que muitas vezes nos perdiamos conversando mais do que estudando, mas no final nós conseguimos estudar todo o assunto da maldita prova de Biologia.
A prova era no dia seguinte, a primeira prova do ano, nada demais comparado a dezessete anos de vivencia em uma escola. O despertador toca antes do sol nascer, caralho, porque morava tão longe? Antes do café, uma breve lida no caderno, só para garantir que o assunto iria fixar na mente, mas o final estava certo, eu ia me fuder naquela prova.
Ali estava eu, um garoto cujas malas haviam sido roubadas, recebendo um caderno de questões complexas de biologia, "e agora, por onde eu começo?".
Tá, deixarei um pouco o drama de lado, eu sabia o assunto, mas ainda me encontrava perdido ao ritmo de terceiro ano. E o tempo passou, os segundos eram contados e os minutos rasgavam os meus neurônios ao decorrer que passavam. Até que o fim chegou, ali estava eu, um garoto cujas malas haviam sido roubadas e estava prestes a receber a pior nota da sua vida.
Entreguei a prova sem mais, achei ter me saído bem... pois é, achei. A fiscal perguntou "terminou meu filho?", mas deu para perceber que a intenção dela era dizer"finalmente acabou essa disgraça". Acabei, meu bem (tipico baiano falando), mas não sei se me saí muito bem (caralho, estava desabafando com a fiscal da prova? é o fim do mundo) "calma, querinho (olha a falsidade) você vai se sair bem, boa sorte". Bem, até onde eu sei, boa sorte na prova são para aqueles que não sabem muita coisa, não é? Enfim, naquele estado eu parecia não saber nada mesmo...
Passaram-se dois dias, a prova foi no sábado e o resultado era na segunda. Estava ansioso, claro, até aquele ponto acreditava que ia tirar uma nota boa, que pena de mim, estava tão feliz até aquele ponto. A mulher lá colocou o gabarito na parede e lá fui eu, um garoto cujas malas haviam sido roubadas, que estava prestes a receber a pior nota da sua vida e que a fiscal da prova havia desejado sorte, corrigir a prova. Desastre, 29% da prova... aquela nota me destruiu, um nerd de carteirinha que chega na escola quarenta minutos antes das aulas começarem para garantir o primeiro lugar da fila. Passei o resto do dia triste, cabisbaixo.
Mãe, tirei 29% na prova de biologia. "Calma, meu filho, você recupera na próxima", Mãe, a senhora não vai me bater? "porque deveria?" Mãe, acabei de tirar a menor nota da minha vida, a senhora não vai me bater? "Meu filho, você sempre tirou as melhores notas da sala, sempre me deixou orgulhosa, não será por uma notinha besta que você mereça apanhar". Caralho, as mães são mesmo estranhas.
Enfim, alí estava eu, um garoto cujas malas haviam sido roubadas , que havia acabado de receber a pior nota da sua vida, que a fiscal da prova havia desejado sorte e que a mãe rejeitara bater, sem nenhuma reação a primeira (e não a última) nota mais baixo que já havia tirado na vida.