sábado, 28 de março de 2009

Explosão Coloridas

Estas imagens são do fotografo Alan Sailer, que por sinal estão simplesmente geniais. As fotos são do momento em que certos objetos são atingidos por um projétil (uma bala de uma arma).
Prestem atenção como os objetos vão mudando de forma até virarem lixo. Ele disse "A preparação é muito estressante. Leva muito tempo para posicionar o objeto e programar a câmera. Um segundo depois acabou. Se você tem a foto, maravilhoso. Do contrário, o que resta é a bagunça para limpar". O nome das fotos é Explosões Coloridas, olhem-as e vejam porque...
Apreciem.




parênteses

momento de reflexão...

(Abre parênteses

É totalmente incrível como nos dias de hoje não temos tempo para dedicarmos a nós mesmos e que nem percebemos quando isso acontece. Recebo diariamente mensagens no meu e-mail falando "deixe um tempo para você" ou "relaxe mais" e o mais engraçado é que nunca achamos que realmente os nossos afazeres estão nos consumindo. Eu cheguei a essa conclusão hoje quando vim escrever. Fazem dias que não venho aqui e eu não tinha me dado conta disso.
Realmente, viramos pessoas alienadas com o que devemos fazer para um dia podermos fazer o que gostamos, mas os deveres nos consomem tanto que as vezes fica a leve impressão que nunca chegará o momento que poderemos nos dedicar naquilo que sempre sonhamos (ou não teremos mais condições físicas nem idade para isso).

Fecha parênteses)

segunda-feira, 23 de março de 2009

estilhaço dos orgãos internos das nossas almas

Passei por uma situação constrangedora hoje, ou pelo menos quase. Em uma das minhas crises de falar (gritar) tudo o que vem em minha mente durante uma das aulas pela manhã quase disse algo que afetaria diretamente a uma amiga minha.
"Eu disponibilizarei essa aula na internet para vocês, assim vocês podem olhar o assunto nos seus respectivos computadores" disse o professor, então pensei em uma piadinha (sem graça) e em milisegundos mudei de ideia e simplesmente não falei, "e eu que não tenho computador e não tenho vizinho nenhum para olhar a internet, faço como?" seria a piadinha (sem graça) que pretendia falar. Mas o que há de errado nisso? Nada demais para uma pessoa da classe média, mas tudo de ofensivo para uma pessoa que não tem condições e sua família se mata para poder lhe sustentar em uma escola particular sendo que as vezes nem dinheiro para o pão eles tem para comprar. Eu simplesmente bloqueei esse meu pensamento quando lembrei da minha amiga, mas se não lembrasse eu iria falar. Viva a ignorância de uma pessoa que nunca passou fome. E se houvessem outras pessoas na sala as quais passassem dificuldades também? Eu as ofenderia de forma tão grotesca que se eu tomasse conhecimento daquilo, me tornaria alguém altamente constrangido e as milhões de desculpas que eu pedisse não iriam resolver porque a pessoa iria dizer "não ligue não, eu nem ligo para essas coisas" e eu saberia que no fundo no fundo a pessoa estava sendo espedaçada pelo eco das palavras podres ditas pela minha boca.
O problema disso tudo está na famosa ignofrase (frase de ignorantes) que falamos "Eu não tive a intenção, JURO", em acharmos que tudo o que falamos pode ser revertido, em pensar que todos estão no mesmo nível que a gente e aqueles que estão em um nível maior são simplesmente podres e metidos. O que precisamos (percebeu que estou usando sempre a segunda pessoa? É porque eu faço parte dessa mediocridade) é abrir os olhos a todas as situações de preconceito. Piadinhas são palavras de humor, algo que nos faça rir, mas já pensou que contando uma piada além de fazer certas pessoas rirem (o que é a intenção) você está fazendo certas pessoas chorarem?
Gosto de chamar isso de estilhaço dos orgãos internos das nossas almas, ou, como dizem por ai ferir nossos sentimentos. Eu pensei dessa forma, porque era uma amiga minha que iria sofrer e sei que se não conhecesse alguém, ou não lembrasse, iria falar sim, graças a minha pura e santa ignorância. Pense nisso antes de falar alguma coisa, as vezes as pessoas sabem fingir o que sintem e por trás das risadas podem haver gritos e gemidos de dor.

sexta-feira, 20 de março de 2009

A véia sabida

Hoje me deparei com uma cena engraçada. O telefone tocou, era a minha vó "Meu neto, você pode vir aqui me ensinar como faz isso aqui?". Minha vó, que completou seus setenta e um anos esse ano, entrou na faculdade ano passado, UATI (Universidade Aberta à Terceira Idade), uma espécie de oficinas para pessoas idosas. A partir daí, quase todos os dias recebo um bilhete ou telefonema com alguma pergunta dos assuntos estudados ou simplesmente "tenho novidades, vamos tomar um café?".
O que mais me deixa curioso é o fato de cada vez mais eu ler na internet que a tecnologia está atrapalhando as relações familiares e que cada vez mais as famílias deixam de se ver. Incrível, porque a trinta minutos atrás e estava ajudando minha vó com o dever de casa dela da aula de informática. E ainda mais, nunca imaginei que um dia eu estaria ensinando a minha vó o dever de casa dela, uma verdadeira bagunça nos padrões da sociedade.
"Senta aqui vó, vou lhe mostrar como é que se faz essa questão", certo que não foi tão fácil quando ensinar a uma criança, mas não devemos criar bloqueios em ensinar pessoas idosas.
Projetos como esse da UNEB (Universidade Estadual da Bahia) são dignos de aplausos infinitos, por fazer com que idosos interajam com novo idosos e continuem seus ciclos de aprendizagem. Só em um ano de faculdade, já ganhei inumeras avós de consideração, as coleguinhas de minha vó. "Aqui é Fulana, colega de sua vó, da universidade". Mas o mais engraçado, sem dúvidas, é encontrar uma delas na rua "Oi meu Neto, como você está? E minha coleguinha, vai bem? Mande um beijo para ela e mande ela me ligar para falar como foi a aula passada, você acredita que eu faltei, meu filho... preciso me atualizar, se não eu perco o assunto..." e sim, elas se chamam de coleguinhas.
Estou sempre dentro das novidades da universidade de minha vó, como foram as aulas, como se comportaram as colegas, as resenhas, fofocas, conversas da sala de aula... Exatamente igual às aulas do colegial. No início do semestre, sentei junto a minha vó para decidirmos quais seriam as aulas que ela deveria escolher nesse semestre, "Eu queria voltar a fazer francês, mas meu sonho é aprender a mecher em computadores, estava até pensando em comprar um... acho que vou escolher informática mesmo", setenta e um anos, com sonhos de aprendizagem.
Por isso não canso de dizer, minha vó ta velha, mas ela tem o espírito mais jovem que muito dos meus colegas. Obrigado UNEB por fazer minha vó feliz.

quarta-feira, 18 de março de 2009

desabafo.

Lá estava novamente, a mesma rotina precaria de uma terça-feira me pegara novamente, acordar cedo, ir para a escola cedo, sentar no mesmo lugar de sempre (o primeiro da fila) e esperar a seqüência de aulas começar. A única diferença foi que dessa vez eu decidi fazer aula de educação física, era um divertido jogo de Futebol Americano. Noooooossa, como eu amo futebol americano, acho que por isso eu decidir fazer aquela aula, mas claro cansei muito rápido.
A noite chegou, tive uma aula de francês na qual estava completamente cansado (vestígios de um sedentário que ficou 100 minutos correndo atrás de uma bola que no fundo no fundo, não é bola porra nenhuma), mas no mais nada de ruim aconteceu a mim, eu disse a mim, porque a minha amiga, bem, pode-se dizer que ela ficou totalmente acabada. Em primeiro lugar, ela não estava necessáriamente jogando, ela estava praticamente matando as adversárias, até que, em certo ponto do jogo, ela cai e machuca feio a cabeça. Agora ela está melhor, mas pense numa seca com anorexia muléquemacho (expressão baiana que traduzindo ao pé da letra significa Mulher que é macho) que não se contenta em jogar com as outras meninas fortes e parte para cima delas. Fim trágico, parou no hospital tomando soro e vomitando ao mesmo tempo. Saiu de lá mais ou menos umas 3 horas da manhã.

segunda-feira, 16 de março de 2009

a primeira (e não última) pior nota da minha vida.

Tudo começa numa tarde de estudos... Uma tarde que na verdade se prolonga até as duas da manhã. Tudo bem que muitas vezes nos perdiamos conversando mais do que estudando, mas no final nós conseguimos estudar todo o assunto da maldita prova de Biologia.
A prova era no dia seguinte, a primeira prova do ano, nada demais comparado a dezessete anos de vivencia em uma escola. O despertador toca antes do sol nascer, caralho, porque morava tão longe? Antes do café, uma breve lida no caderno, só para garantir que o assunto iria fixar na mente, mas o final estava certo, eu ia me fuder naquela prova.
Ali estava eu, um garoto cujas malas haviam sido roubadas, recebendo um caderno de questões complexas de biologia, "e agora, por onde eu começo?".
Tá, deixarei um pouco o drama de lado, eu sabia o assunto, mas ainda me encontrava perdido ao ritmo de terceiro ano. E o tempo passou, os segundos eram contados e os minutos rasgavam os meus neurônios ao decorrer que passavam. Até que o fim chegou, ali estava eu, um garoto cujas malas haviam sido roubadas e estava prestes a receber a pior nota da sua vida.
Entreguei a prova sem mais, achei ter me saído bem... pois é, achei. A fiscal perguntou "terminou meu filho?", mas deu para perceber que a intenção dela era dizer"finalmente acabou essa disgraça". Acabei, meu bem (tipico baiano falando), mas não sei se me saí muito bem (caralho, estava desabafando com a fiscal da prova? é o fim do mundo) "calma, querinho (olha a falsidade) você vai se sair bem, boa sorte". Bem, até onde eu sei, boa sorte na prova são para aqueles que não sabem muita coisa, não é? Enfim, naquele estado eu parecia não saber nada mesmo...
Passaram-se dois dias, a prova foi no sábado e o resultado era na segunda. Estava ansioso, claro, até aquele ponto acreditava que ia tirar uma nota boa, que pena de mim, estava tão feliz até aquele ponto. A mulher lá colocou o gabarito na parede e lá fui eu, um garoto cujas malas haviam sido roubadas, que estava prestes a receber a pior nota da sua vida e que a fiscal da prova havia desejado sorte, corrigir a prova. Desastre, 29% da prova... aquela nota me destruiu, um nerd de carteirinha que chega na escola quarenta minutos antes das aulas começarem para garantir o primeiro lugar da fila. Passei o resto do dia triste, cabisbaixo.
Mãe, tirei 29% na prova de biologia. "Calma, meu filho, você recupera na próxima", Mãe, a senhora não vai me bater? "porque deveria?" Mãe, acabei de tirar a menor nota da minha vida, a senhora não vai me bater? "Meu filho, você sempre tirou as melhores notas da sala, sempre me deixou orgulhosa, não será por uma notinha besta que você mereça apanhar". Caralho, as mães são mesmo estranhas.
Enfim, alí estava eu, um garoto cujas malas haviam sido roubadas , que havia acabado de receber a pior nota da sua vida, que a fiscal da prova havia desejado sorte e que a mãe rejeitara bater, sem nenhuma reação a primeira (e não a última) nota mais baixo que já havia tirado na vida.