sexta-feira, 29 de julho de 2016

[#365] a heroína do dia.

Extra! Extra!
A poesia salvou o dia!
Extra! Extra!
A poesia salvou mais uma vez o dia!

Dos escombros da maldade
Surge uma heroína de verdade
A poesia vitoriosa
Que quando some deixa saudade.

Novidade!
Breaking News!
A poesia gloriosa
Guerrilheira sem fuzil!

A poesia poderosa
Salva a vida dos pobres coitados
Dos ricos mimados
E dos outros bocados

A poesia salva sempre o dia
De qualquer um
Independente da mais valia

Adicione mais poesia
Ao seu triste dia
Quando menos perceber
Já sorria e nem percebia.

[#364] mêidia.

Já é mais de mêidia
Já tem cansaço no rosto
Já tá de barriga vazia
Já passou de mêidia
Já tá quente pegando fogo
Já desentupiu a pia
Já tá pra lá de mêidia
Já conversou com o pequeno moço
Já conversou com a distante tia
Já é quase mêidia
Do outro dia
Já repetiu tudo de novo
Já embalou a correria

[#363] foca o foco.

Foca no foco
Foca o foco
Desfoca o fora de foco

Foca o foco
Mantém centrado
Foco focado
Foco firmado
Foca no focado
Trabalho finalizado

Foco pra concluir
Foco pra persistir
Foco pra não desistir
Foca o foco
Pra do foco não sair

Foca o foco
Foca forçado!
Foca no foco
Viva sempre focado.

[#362] poesia contagiante.

A poesia quando começa
Abre as portas e as janelas
Solta a brisa
Refresca

É só a poesia começar
Que de repente a noite se ilumina
Tira da frente toda neblina
E liga todas as turbinas

A poesia vai chegando com tudo
Colore o que era cinza
Da voz ao que é mudo

Até que vai chegando o último verso
A poesia vai se finalizando
É tudo começa a girar mais devagar
Até que a poesia acaba
E não resta mais nada

Só o silêncio.

[#361] crueldade e injustiça.

O mundo é cruel e injusto
Difícil para todo mundo
Pra viver
Precisa de pulso

O mundo é cruel
O mundo ri do outro machucado
O mundo não empatiza com ninguém
Mas espera que seja empatizado

O mundo é injusto
O mundo tira proveito
O mundo não dá a ninguém 
Mas espera recebimento em fluxo

O mundo é um lugar machucado
E quanto mais se fere
Mas deixa o outro mal tratado

O mundo é um lixo fedorento
Uma casa sem ventilação
Nem saneamento
Se duvidar nem teto tem
Deixando as vidas dali
Sem relento

Mas a escolha de ser cruel e injusto
É individual.
Cada um escolhe o que ser
Cada qual no seu cada qual.
Cabe a cada um
Escolher de que lado está
Cabe a cada um
Escolher qual lado da maré vai remar
E cada um escolheu ser cruel e injusto
Nenhuma novidade pra variar
E aí esse mundo
Permanece podre e imundo
Porque ninguém quer remar pra cá.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

[#360] porta torta e porca morta.

Atrás daquela porta torta
Tem uma porca morta
Atrás da porca morta
Tem uma porca torta
Na frente da porta morta
Tem uma porca morta
Uma porta torta
Uma porca torta
E uma fatia de torta de porca morta
Com requeijão.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

[#359] colecionador.

Sou colecionador de amores eternos
Me entrego e vivo
Quando amo, amo sincero
Mas também sei como deixar ir

Enquanto parte
A marca cicatriza
O amor eterniza
Mas se tem uma coisa que não nego
É que amo sem pudor

Já não sofro mais
Pelos momentos interrompidos
Apenas guardo
Na minha coleção de amores
Que são eternos
Mesmo que nem para sempre durem

domingo, 10 de julho de 2016

[#358] a noite à noite.

À noite o tempo passa mais devagar
Enquanto as pessoas desligam
E passam mais depressa
A noite se arrasta sem pressa

À noite o tic tac é mais alto
O ranger da porta também
A sandália no chão
O tropeço no que não veem

A noite é mais silenciosa
O mundo está parado
Lá fora sem barulho de carro
O breu muita gente apavora

A noite não tem gente
Não tem gritaria
Não tem incomodo
Como tem durante o dia.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

[#357] não sei.

Eu não sei o que é
Mas é uma tristeza que bate
Um choro entalado
Uma vontade de desistir de tudo.

Eu não sei explicar
Mas estou tomado
Por esse marasmo
E não sei como parar

Eu não sei o que sinto
Só sei que é destrutivo
Corrosivo
E insiste em aparecer

Eu não sei o que dizer
Mas sinto que tenho muito pra falar
Explicar, desabafar
Mas as palavras não aparecem
E os motivos também.

[#356] melancolia de um mundo maldito.

Nas ruas
Faixadas
Nas falas
O tempo inteiro
Despercebido

A tristeza toma conta de mim
Fico sem palavras
Sem fôlego
Sem forças

Então me sento
Gerado pela melancolia
Esboço um choro
Que ainda entalado
Não sai

Melancólico
Meio cólica
Venero meu silêncio
Em voz e pensamento
E meus lamentos voam
Feitos moscas

Perco meu tempo
Me vejo em pedaços
Cada membro partido um retrato
As mazelas do mundo
E não há nada que faço
Esboço o choro
Mas não sai
Melancolia...